Uma questão de gênero
Muito se fala sobre a luta da esquerda contra a direita, simbolizada nessa eleição pela disputa presidencial entre candidato do PT e o do PSDB. Diz-se que a esquerda busca a igualdade social e de gênero, utilizando-se de programas socias desenvolvidos com o intuito de promover o desenvolvimento de nosso país. A direita, representada por Geraldo Alckmin, deveria nos remeter ao conservadorismo e a uma política econômica que quer promover o desenvolvimento a partir do crescimento econômico e não por meio de políticas públicas voltadas para o social. Mas será que isso mesmo? Será que podemos trabalhar realmente com adicotomia "esquerda" e "direita" neste pleito presidencial? Examinemos a questão.
O PT nasceu um partido de esquerda sim, apesar de hoje ter perdido o direito de se intitular dessa maneira. No papel, desde o seu nascimento até o governo atual, as propostas petistas são muito parecidas com as propostas do PSDB (que quando do seu nascimento também era um partido de esquerda, social democrata, com ênfase no investimento no setor educacional para gerar desenvolvimento).
Hoje, temos um PT coligado com o PL da Igreja Universal, com a elite conservadora de Alagoas (sim, Collor apóia a candidatura petista) e de São Paulo (também Maluf já manifestou apoio a Lula).
Temos um governo que, sem nenhum pudor, se apropriou de programas sociais criados na gestão passada (quem diria que seria tão fácil renomear programas como "Luz no campo", "bolsa escola", "renda cidadã" e "PETI" - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, transformando todos eles em um grande pacote assistencialista e sem contrapartida social alguma).
O Partido dos Trabalhadores deixou de ser o defensor da ética política e seu ativismo contra a corrupção para vender a idéia de que "todos são iguais" e que "nós só fizemos o que todos já faziam". E não, a corrupção não aparece mais agora porque o PT deixa que se investigue... A corrupção é mais visível hoje porque realmente há mais corrupção e porque as provas são tão contundentes que o governo não conseguiu brecar a abertura de CPIS (e o governo tentou silenciá-las, sim!).
O PT deixou de trabalhar com o discurso de esperança utilizado na eleição passada para adotar o discurso do medo da mudança (e que partido progressista – e o PT se diz um partido progressista – trabalha com o medo?), inventando notícias com a cara de madeira mais lustrosa que já vi (sim, porque dizer que o candidato tucano acabaria com programas sociais criados por um colega de partido seu é brincadeira).
No que toca a questão de gênero, simplifiquemos o discurso, indo direto aos programas de governo (Alckmin tem um programa disponível em seu site de campanha, infelizmente não encontrei o de Lula em seu site).
Alckmin respondeu à questão sobre o projeto de União Civil de Homossexuais em sabatina feita à Folha de São Paulo (Lula não pôde comparecer para responder às questões). Sobre o tema, assim se pronunciou o candidato: “Sou favorável ao contrato de união civil de homossexuais. Quando as pessoas vivem juntas, esse contrato é importante para garantir direitos do companheiro ou da companheira, principalmente no que diz respeito a bens adquiridos com o esforço em conjunto”. (isso vindo de um candidato pertencente à Opus Dei – como se a separação entre Estado e Igreja não tivesse ocorrido há tempos).